♡O Conceito de Troglodita♡

Água ardente desce da garganta água corrente

Sabe a merda o ferro

O cálcio da fratura do peito

Que o peito do coito regenera

Numa praça as galinhas pombam

Ficam tontas e a mão no céu se perde

Sobressai a esperança

Lá longe num poço vacas na matança

Porque lá distante existe um poço

Quando em tanto se vive infeliz

E do nada o homem torna o homem

Não se consegue dormir por se pensar imenso no moço

Homem Gigante

Em torno do veloz carnudo

Adentro do verosímil da cena

A cama cai, espanca

Torna-se protagonista da saga

A cona comida por uma piça fragmentada

Amamentada por uma Mãe esquecida

Pensava eu, pensávamos nós

Filhos de uma foda de sida

Atearmos fogo a uma cabana esmorecida

Pelo mar, pela maré, pelos banhos e ondas

As cabeças ocas umas chatas

Constantemente no ócio do “chupa-ratas”

Tentarmos beber água e só o leite fazer de leito

A mente vagueando pela escrita endoidecida por ti

Causar-me a estrica da ressaca

Ver-me a nadar e vir-me dentro

Pobre pedra de rubi

Beijar-te como beijara e beijo a água ardente

Ser dependente da água da garganta desidratada

Não conseguindo dormir porque em ti penso

Mas durmo, mas durmo

Porque estou doente

Talvez dependente

Da água que arde e fogo pega

Lá longe um poço, nos renega

A água, um bafo

Um brônquio bifurcado

A memória lembra-nos o corpo e o céu

Em mim sobre ti sobre em ti um véu

Olhos Postos No Mijo

O cão cheira os postes mijando-os

~vai preso pela dona~

Por uma coleira aproveita

,cheira-lhe a pentelheira

A dona por mal dos seus pecados

Com a sua bexiga presa

Gosta que a comam com delicadeza

O cão é aquele patife desarmado

Amado, crente da mama da ama

~na sua vergonha, ladrar condenado

É o bicho de todas as luas

Domesticado por sofás

E no mar flutua

Tristemente, não tremula

Apenas afoga, fecunda

É o cão que morde e não ladra

– Agora sente os meus dentes, cabra!

Verão

Os mártires lutam e afogam quem gente

é submissa ao povo e a quem a contente

Comum ao produto, o diluente

Subjaz cerimónia presa a um duende

aguerrida por tantos contemplórios

, enfardados

(a miúde escusados)

Fardados pela própria parábola

suspeita dos desertos melancólicos

? indo corromper a versátil mágoa

Dada protagonista, levantaria olhos a seus olhos

em colidência com o desgaste parabólico

Pensaria em reis, fadas, até em monstros magia

*coração aos pulos*

.bem dita a euforia

Badaladas das três- ao corpo|arrepio

*amanhecer cedo e voltar a acontecer*

às três e dois, outra vez

Procuraria uma cura louca à enfermidade

então seria mouca e um bocadinho louca

Aquelas intermináveis escadas

Nos cinemas, triunfante a película 3D

a algum sítio acima apontam dedo

Os heróis são sós- tóxico-(coisos)

místicos

porventura, permanente sólidos

Um cão atrás do disco

por um poeta: tercetos dísticos

.

Agora estou mesmo a falar a sério:

rendida à propaganda do certo

matéria- em medida do passo fácil

Verão passado intenso

etéreo

Devorarei seu ventre interno

lá, ali, provável dentro de mim

Impossível! Não houve verão

as vagas antíteses

,mero parágrafo de imaginação

!Inferno

Portanto a vida da vila drogada

cresceu de um parto pedrada

Seguido, belo pedaço deste casto buraco

meteu em mim a mesa do pecado

ao almoço com Deus e o pobre Diabo

Na cama gritando! Somos Ateus!

/se não é desbocada, tem língua inundada\

Adeus, Deus meu, fiz-me tua

E tu meu

O inferno bate só no teto

o nosso perigo no amor intelecto

Comó Caralho

À mão da minha mãe, dos fritos e dos ricos

Dos melancólicos acidentes de uma via sem ida de apenas uma saída

-Surda de um ouvido mas do outro cresce o trigo

Este sofá amargurado, triste com{ó} caralho

Pede às chuvas o vento que falta à madrugada

Quem o sabe são os [benfeitores]

Os ricos que podem acordar de noite e colher o dia

Os que falam falam e no silêncio se entalam

Encostam-se a uma parede, brutalmente manetas

Em exílio a puxar dos cigarros consumidos a tretas

Dizem-se bêbados quando bebem

Como crianças que nunca crescem

Campismo, Sofia Carlos
Monstrinu, Sofia Carlos

Sofia Carlos is a poet and visual artist from the brand new generation of portuguese contemporary poetry, Her originality and creativity are rooted in the use a of a strong capacity to create powerful images of our times. She is the author of the poetry book: “Consulta de Psicoterapia às 15h00” (“Psychotherapy appointment at 3:00 PM) Porto: Exclamação, 2025.